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16 maio 2016

Direita na Argentina é tão brutal que sindicatos, ora divididos, estão mobilizados juntos

Apenas quatro meses se passaram. Mauricio Macri e sua política ultraneoliberal conseguiram um feito inédito. Foi tão brutal a investida direitista contra a maioria da população argentina, que as cinco centrais sindicais em que se acha dividido o movimento operário se viram obrigadas a dar luz verde a uma mobilização de claro conteúdo de classe.


O sujeito histórico de qualquer projeto progressista e mesmo revolucionário que se preste voltou a emergir em toda a sua dimensão. Os trabalhadores ganharam as ruas de Buenos Aires neste 29 de abril, deixando de lado diferenças de seus dirigentes que terão de ser dirimidas sob pena de serem atropelados pelas circunstâncias. De cento e cinquenta a 200 mil manifestantes expressaram sua resposta indignada a estes 120 dias de dispensas, subida descomunal de preços dos artigos de primeira necessidade, desvalorização cambial continuada, negativa a aumentos prometidos a aposentados e pensionados, destruição dos avançados programas de saúde popular, liquidação da ‘Ley de Medios’ e ameaças de pressão a partir dos protocolos de “segurança”.
Trabalhadores exibindo com orgulho suas roupas de trabalho e as identificações sindicais gravadas em bonés e camisetas, demonstrando ao governo e aos patrões que desta vez deixaram as fábricas e os mais diversos estabelecimentos para marchar pelo seu salário, já desvalorizados, e protestar contra o desemprego compulsivo empregado pelo macrismo.
Organismos de direitos humanos, entre eles ‘Madres Línea Fundadora’ e ‘Abuelas de Plaza de Mayo’, aderiram à concentração. Manifestaram sua preocupação com o desemprego tanto no setor público quanto no privado e proclamaram que esta situação “implica no retrocesso de centenas de políticas públicas que o Estado proporcionava a toda a população”.
Fazia muito que não se via uma manifestação operária de tal magnitude: metalúrgicos, caminhoneiros, têxteis, petroleiros, padeiros, portuários, pedreiros, marítimos, unidos a trabalhadores estatais e das distintas universidades, abraçados com bancários, comerciários e também com um bom número de estudantes.
Não faltaram os trabalhadores golpeados pelas sucessivas crises vividas desde os anos 1990 e que se alinharam sob a bandeira da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular.
Não faltaram, nesta jornada histórica, alguns importantes movimentos sociais, organizações peronistas e partidos de esquerda que em sua grande maioria reclamaram a necessidade de uma greve geral.
No palanque, os discursos centraram-se na advertência ao governo que a paciência tem limite e que salário não é lucro, deixando claro que se Macri se atrever a vetar a “Lei de Emergência Ocupacional”, a greve geral será a resposta imediata.
Foi uma lufada de vento fresco esta contundente expressão de rebeldia operária. O governo Macri não pode ignorar que esta marcante mobilização produziu uma importante demarcação de território por parte de um setor da população que não quer retroceder aos terríveis anos 1990.
É verdade que Macri se sente com uma dose de impunidade suficiente para ignorar as exigências de guinada em suas políticas regressivas, porém o fato de que seja neste momento um peão disciplinado da estratégia de Washington para o continente, não significa que não possa ser jogado contra as cordas. O fato é que desde que pisou a Casa Rosada não tem tido um dia sequer de sossego. Em cada província que visita encontra vaias, corte de estradas, paredes pintadas em que o chamam não muito amistosamente.
Se algo faltava, neste 29 de abril a marcha multitudinária passou a poucos metros da Casa de Gobierno. Homens e mulheres com a pele curtida, solidários e sensíveis ante as injustiças, a compunham. Falavam com uma linguagem que os ilustres e bem pagos assessores do macrismo estão longe de entender. Fazem gestos que podem parecer agressivos e ao mesmo tempo riem e dançam ao som de tambores e repiques, gritam e cantam.
Bem-vindos os trabalhadores ao cenário político do país, carta decisiva para pôr freio à escalada direitista do governo Macri.




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