Penúltima entre as 100
maiores cidades do País no Ranking do Saneamento em (2014), Porto Velho não tem
tratamento de esgoto e apenas 2,04% da população têm a coleta. A perda de água
no processo de distribuição é de 70,72%. Um desperdício sem igual no país.
“Aqui falta tudo:
água boa, esgoto, a rua em péssimas condições e falta constante de energia.
Quem quiser água no bairro tem que construir seu próprio poço. Eu e muita gente
aqui temos fossa, pra onde vai o que sai dos vasos dos banheiros e o resto da
água que usa na casa jogamos na rua”, conta o morador do bairro Monte Sinai, na
Zona Sul da Capital, José Francisco da Silva. Ele relata graves problemas
enfrentados pelos moradores desta região e muitas outras de Porto Velho com a
falta de saneamento básico.
O vizinho de José
Francisco, o caminhoneiro Odemir da Silva, disse que o filho mais novo, de sete
anos, passou mal muitas vezes por conta da água que vinha de um poço do bairro
vizinho. “Meu filho passava mal toda vez que a gente usava água que buscava na
escola para tomar. Tinha que comprar água mineral”, relata. Para minimizar o
problema, Odemir conta que teve que se endividar para construir um poço
artesiano, mas parece que não adiantou muito.
Para a esposa de
Odemir, Sheila Brito Alves de Souza, a situação está ficando complicada, pois
mesmo com o poço artesiano ela tem levado o filho constantemente ao médico, com
sintomas que podem estar relacionados à má qualidade da água. “O médico do
posto pediu alguns exames. Ele desconfia que a queda de cabelo do meu filho
esteja relacionada à péssima qualidade da água, o solo deve estar contaminado
também, é tanta fossa por perto” explicou Sheila, enquanto apontava os sintomas
na cabeça do filho.
Há três quilômetros
da residência de Sheila, na Rua Buritis, no bairro Nova Floresta, ainda na Zona
Sul, mora o engenheiro agrônomo José Paulo Gonçales. De acordo com ele, o
bairro conta com uma rede de água que abastece a sua residência, mas a qualidade
é questionável. “A origem da água é de um poço que atende todo o bairro Nova
Floresta, mas quanto ao tratamento é duvidoso, pois a água vem direto do poço e
não passa por estação de tratamento”, relata. “O cheiro é desagradável e quanto
ao sabor não tenho como afirmar, pois não utilizamos para tomar”, complementa.
Em comum entre a
família de José Francisco, Odemir, José Paulo e a maioria dos moradores da Zona
Sul da capital é a falta de água tratada e de qualidade, a falta de rede de
esgoto, e a falta de qualquer esperança nas promessas da Caerd.
Questionada pela
reportagem sobre quando os investimentos de quase R$ 500 milhões do PAC
(anunciados em 2015) se transformarão em realidade na cidade, a direção da
Caerd nem se preocupa em nos responder, acostumada com a falta de transparência
e a blindagem da maioria dos veículos da imprensa.
Em matéria de 2015
(Portal da Amazônia), encontramos informação da presidente da Caerd sobre um
projeto que prevê 66 mil ligações de esgotos em bairros da Zona Sul e a
assinatura de ordem de serviço para obras de coleta e tratamento de esgoto no
valor de R$ 484,6 milhões, num investimento do PAC, para atender 50% da
população, com previsão de conclusão somente em 2020.
Mas, corresponde à realidade? Onde estão as obras?
Por que a Caerd insiste em negar informações? O que fica é apenas o descaso e o
desprezo com a população de Rondônia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
₢omentários,...