“Eu canto, porque o instante existe;
E a minha vida
está completa
Não sou alegre
nem sou triste
Sou poeta...
...sei que canto, e a canção é tudo
Tem sangue eterno e asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo
E mais nada”
Assim somos todos
embriagados pelas melodias, nos acordes de variados instrumentos. Os refinados
versos declamados, ao som dos ritmados batuques açucaram nossa vida, alegram a
alma e nos aquebrantam os maus espíritos.
Além de tudo, é na
arte da música que encontramos a chave que abre os tênues corações, que incitam
apaixonados para o desabroche do amor duradouro.
Era muito comum em
tempos não muito distantes, os paqueradores insaciáveis na busca de sua verdadeira
consorte, se utilizarem das orgias de serenatas noturnas ao som de violas e
cavaquinhos, para encantarem as prediletas e cobiçadas senhoritas da burguesia,
que se deleitavam em sofás às frestas das janelas, à espera do feitiço ou do
feiticeiro. Não é à toa que o romancista português Almeida Garrett enfatizou em
sua célebre obra Viagem na minha terra
“Se for homem é poeta, se for mulher está namorada!” Pra ele eram os dois entes
animais mais parecidos e pragmáticos da natureza divina.
É mediante os cânticos
de hinos, salmos, saltérios e canções gospel sem trejeitos que louvamos ao
nosso Criador, encurtando de vez a distância para nossos agradecimentos e
prestação de contas. Deus se alegra dos nossos comprazimentos naturais e
espirituais. No salmo (150) lemos que todos os seres vivos devem louvar ao
Senhor, a Bíblia diz que o Rei Davi se deliciava e dançava ao som de trombeta,
flautas e harpas, mesmo nas maiores aflições.
Assim como o uirapuru,
também os pardais, e até os pequeninos rouxinóis, não carecem de instrumentos sofisticados
para se alegrarem nas suas cantorias incessantes, nas alvoradas matinais. Quê dizer
de nós que somos dotados de uma inteligência fenomenal. Daí, não haver razão
para ficarmos tristes e desolados, como consolo as escrituras ainda pregam, que
o choro poderá durar uma noite, mas a
alegria vem ao amanhecer. Mesmo nas lutas e tribulações do cotidiano ou até
no exílio haveremos de louvar e dar glórias através de nossas manifestações
musicais, pensamentos e meditações. Foi maravilhoso e eloquente Manuel Bandeira
(O Poeta) quando em sua canção de exílio, exaltou nossa gente, flora e fauna,
com o refrão: “minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá... as aves que aqui gorjeiam não cantam como lá”. O saudoso
e hilariante cantor Jair Rodrigues esbanjou em seu inconfundível gênero musical
coroando a majestade sabiá, em breves versos melodiosos, como mérito pelos seus
silvios agudos e cadenciados.
Assim também de Johann Christian Bach
à Beethoven, de Vinícius à Chitãozinho, que assim não se façam distinções: Robertão,
Castro Alves e a Preta Gil, são todos nossos exímios poetas, e até Camões com
sua elástica poesia de Lusíadas, que muito inspirou a sobrevivência humana, e
que motivam freneticamente nossa curta vida terrena. Sem que haja notadamente
espaço para falar de tantos que nos premiam com esta bandeira da alegria
universal, nossas indeléveis escusas por não lembrá-los.
Por fim, à bem da
verdade, a saúde é indispensável, o dinheiro no bolso é fundamental mas e
música é o complemento de tudo, de preferência ouvida ao lado do ser amado. Não
será a corrupção cruel nem a inflação galopante que vai afrontar nosso sossego.
Tão só a nossa existência em longos carnavais já é motivo de sobra para nos
vangloriarmos. BIS! Sabiá.
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