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22 abril 2020

O que tem sido feito com os nossos dados pessoais em meio ao Covid-19?


Até que ponto essas medidas são válidas?

Não tem como fugir do assunto: a pandemia do coronavírus domina os noticiários e as redes sociais.


Também, a cada dia novas informações tentam colocar uma esperança (ou o contrário) na população.

Infelizmente, o mundo foi acometido pela pandemia do COVID-19 (novo coronavírus).

Empatia e solidariedade deveriam fazer parte do nosso cotidiano desde sempre. Agora, mais do que nunca, realmente precisamos uns dos outros.

Os exemplos de outros países nos mostram que só é possível combater o novo coronavírus a partir de um esforço coletivo. O eu perdeu relevância frente ao nós.

Como as empresas de tecnologia e telecomunicações estão lidando com o coronavírus?

São vários esforços para contornar a crise que estamos vivendo!

Alguns países vêm tentando achatar a curva de contaminação do COVID-19 por meio do uso de técnicas de vigilância e monitoramento que ajudam a prever possíveis infectados.

Nesse mesmo sentido, as empresas de tecnologia e telecomunicações, também, estão tomando medidas para ajudar na superação do novo coronavírus.

No Brasil
Por causa das quarentenas, a Anatel pediu para operadoras aumentarem a velocidade da internet.

A agência ainda assinou um compromisso público com uma série de medidas para lidar com a alta demanda, entre elas:

·         A liberação de redes wifi em determinados locais públicos;

·         Flexibilização nos prazos de pagamento nos casos de consumidores inadimplentes em áreas sob restrições de deslocamento; e

·         Planos de ação para que os serviços de telecomunicações continuem operando mesmo com a grande mudança no perfil de uso.

Até agora, apenas Claro e a Oi aderiram à iniciativa para aumentar a banda larga; já as outras grandes e algumas médias operadoras, se comprometeram a cumprir apenas as demais medidas.

Em Goiás, o governo do Estado está em busca de soluções tecnológicas e inovadoras que possam ajudar no combate ao coronavírus.

Assim, disponibilizou um questionário que pode ser acessado clicando aqui. A finalidade é mapear produtos e serviços de startups e empresas que podem auxiliar no enfrentamento da pandemia de Covid-19.





Empresas de tecnologia no mundo

As big techs (nome dado às grandes empresas de tecnologia) entraram na luta contra o coronavírus desde cedo e tomaram uma série de medidas que vão desde o fechamento de fábricas até a exclusão de anúncios oportunistas em e-commerces.

Agora, tem outra abordagem sendo feita nos Estados Unidos: monitorar a propagação do vírus pela circulação das pessoas!

O governo do país entrou em contato com o Facebook (que negou ter participado da discussão) e a Google para que, usando localização de GPS, conseguisse entender como o coronavírus andou pelas cidades com as pessoas infectadas, ainda que assintomáticas.

Esse projeto de coleta de informações sobre a localização dos smartphones e o uso anônimo tem essa finalidade de mapear a propagação da doença e prever necessidades médicas urgentes.

Curiosamente, meses atrás, a luta era justamente para que dados privados do usuário, incluindo sua localização, não fossem vazados, como muitas empresas fizeram.

O próprio governo americano já passou por escândalos, como quando foi descoberto em 2011 que a Agência de Segurança Nacional coletava registros telefônicos sem permissão.

O tema é sensível, pois as grandes empresas de tecnologia estão no centro do debate sobre privacidade, porém, por conta do novo coronavírus, parece que o jogo virou.

No começo do surto, era possível determinar a origem da contaminação pelo relato das próprias pessoas. Ou elas voltaram de regiões como China e Itália, ou tiveram contato com quem fez essas viagens.

Atualmente, a transmissão é comunitária, ou seja, é quase impossível de determinar a origem, ficando mais difícil conter a pandemia.

Na teoria, ao usar o GPS e monitorar os passos das pessoas, seria possível entender por quais lugares o vírus mais passou, permitindo a criação de medidas para isolar determinadas áreas, por exemplo.

Você se sentiria bem se o governo soubesse todo o seu trajeto da última semana?

A grande questão é se isso não iria de encontro à privacidade dos cidadãos.

Outra limitação seria a respeito da precisão dos geolocalizadores, que costuma variar de 7 a 13 metros.

Como o contágio necessita de um contato muito mais próximo, talvez algo nesse sentido acabasse se tornando apenas uma maneira de vigiar todo mundo.

E o recurso seria desligado após o controle da pandemia?

Essa abordagem não é nova: em 2011, o app FluPhone foi testado no Reino Unido para monitorar a gripe. Ele utilizava Bluetooth e conexões proxy sem fio para enviar dados sobre sintomas informados pelos próprios usuários.

Assim, caso você fosse almoçar com alguém e essa pessoa tivesse relatado sintomas, o aplicativo mandaria uma notificação para deixá-lo em alerta.

O projeto foi desenvolvido por dois cientistas da Universidade de Cambridge, mas menos de 1% da população da cidade aderiu à ideia. Isso não impede que agora, quase 1 década depois, especialistas acreditem na eficácia da geolocalização no combate ao novo vírus.

China e Coreia do Sul estão conseguindo diminuir o ritmo de contágio com táticas semelhantes, enquanto o governo de Israel aprovou o monitoramento de infectados por GPS ou de suspeitos com a doença – medida polêmica, que foi inclusive chamada de espionagem de emergência.

Iniciativas assim já foram tomadas. O MIT Media Lab está desenvolvendo um app para que as pessoas registrem suas movimentações voluntariamente e possam comparar com as de pacientes já confirmados com a doença.

Assim, o usuário poderia ser notificado caso estivesse em uma área com suspeitas de contágio — algo que o próprio FluPhone prometia anos atrás.

O projeto tem sido tocado em conjunto com a Organização Mundial da Saúde, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.


Big Techs no combate às fake news

Em outro um movimento bem inusitado, as big techs estão se juntando para coibir as fake news durante a pandemia.

Sem dar detalhes, Facebook, Microsoft, Apple, LinkedIn, YouTube, Twitter e Reddit disseram que estão trabalhando com o governo americano para melhorar suas ferramentas contra a desinformação.

O YouTube (que é da Google) avisou que o número de vídeos removidos pode aumentar durante esse período.

O motivo é que, com mais funcionários em casa, a inteligência artificial (IA) que irá fazer a maioria da moderação de conteúdo, eliminando a etapa de revisão humana.

A ação vem depois de a Casa Branca se reunir com as empresas para pedir ajuda contra o coronavírus — que inclui as medidas comentadas acima sobre rastreamento da população.

Nesse sentido, a OMS já havia declarado que as fake news são tão perigosas quanto o próprio vírus. O Reddit, por exemplo, está colocando em “quarentena online” os usuários que publicam informações falsas.

Mas, na Europa, cerca de 70 mil sites com desinformação ganharam US$ 75 milhões com anúncios no ano, em sua maioria pelo Google, segundo a agência The Global Disinformation Index. Um dos anúncios identificados alegava que os EUA culpavam o governo russo pela pandemia.

Uma seção do G1 sobre o que é verdadeiro ou fake sobre o coronavírus.

Outras medidas das empresas de tecnologia em meio à crise pelo coronavírus.
Empresas com serviços de videoconferência, como Zoom, Google, Microsoft e Cisco, expandiram suas ofertas gratuitas para ajudar empresas e escolas.

Entretanto, o Microsoft Teams, plataforma de comunicação para trabalho remoto, ficou algumas horas fora do ar com a alta demanda. Por falar na Microsoft, a empresa lançou uma plataforma de monitoramento em tempo real do coronavírus.

O Facebook anunciou a doação de USD 100 milhões em dinheiro e crédito de anúncios para até 30 mil pequenas empresas, em mais de 30 países, para ajudar a lidar com o impacto econômico em meio ao surto de coronavírus.

A Amazon e sua rede de parceiros abriram 100 mil novas vagas de emprego nos Estados Unidos e no Canadá para dar conta de entregar o volume gigante de pacotes da plataforma.

A ByteDance, dona do TikTok, anunciou uma nova ferramenta na China focada em trabalho remoto, que cresceu com a disseminação.

Por fim, a telemedicina se tornou realidade em diversos países.

Ponto de vista
Há uma tendência irresistível em procurarmos padrões no caos. É duro reconhecer, mas é a mais absoluta verdade.

Alguns países vêm tentando achatar a curva de contaminação do COVID-19 por meio do uso de técnicas de vigilância e monitoramento que ajudam a prever possíveis infectados.

Os métodos incluem: verificação de dados de instalações médicas; uso de sistema de posicionamento global (GPS), consulta a registros de transações, uso e cruzamento de dados de sistemas de vídeo.

Não se pode negar que crises justificam medidas excepcionais!

Por um lado, essas ferramentas têm sido eficazes no combate ao vírus, fornecendo informações mais precisas às autoridades de saúde e reduzindo lacunas naturais às investigações epidemiológicas.

Noutro caminho, mesmo quando não diretamente aplicáveis as leis de dados, é absolutamente fundamental a definição de regimes de transparência acerca dos procedimentos adotados pelas autoridades públicas.

Especialmente, quando se refere à finalidade, adequação, necessidade, segurança, não discriminação, responsabilização e prestação de contas do poder público.

Portanto, a utilização de técnicas de vigilância e monitoramento em larga escala pode (potencialmente) conduzir às violações sistemáticas de direitos.

São louváveis as medidas tomadas pelas empresas, aumentando a disponibilidade dos seus serviços, mesmo que de forma gratuita.

Contudo, em cenários de pandemia e imposição de restrições administrativas ao público, é fundamental estarmos vigilantes para que as medidas extraordinárias assim se mantenham e não extrapolem esse período de crise.

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