Até que ponto essas medidas são válidas?
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Não tem como fugir do assunto: a pandemia do
coronavírus domina os noticiários e as redes sociais.
Também, a cada dia novas informações tentam colocar
uma esperança (ou o contrário) na população.
Infelizmente, o mundo foi acometido pela pandemia do
COVID-19 (novo coronavírus).
Empatia e solidariedade deveriam fazer parte do nosso
cotidiano desde sempre. Agora, mais do que nunca, realmente precisamos uns dos
outros.
Os exemplos de outros países nos mostram que só é
possível combater o novo coronavírus a partir de um esforço coletivo. O eu
perdeu relevância frente ao nós.
Como as empresas de tecnologia e telecomunicações
estão lidando com o coronavírus?
São vários esforços para contornar a crise que estamos
vivendo!
Alguns países vêm tentando achatar a curva de
contaminação do COVID-19 por meio do uso de técnicas de vigilância e
monitoramento que ajudam a prever possíveis infectados.
Nesse mesmo sentido, as empresas de tecnologia e
telecomunicações, também, estão tomando medidas para ajudar na superação do
novo coronavírus.
No Brasil
Por causa das quarentenas, a Anatel pediu para
operadoras aumentarem a velocidade da internet.
A agência ainda assinou um compromisso público com uma
série de medidas para lidar com a alta demanda, entre elas:
·
A liberação
de redes wifi em determinados locais públicos;
·
Flexibilização
nos prazos de pagamento nos casos de consumidores inadimplentes em áreas sob
restrições de deslocamento; e
·
Planos de
ação para que os serviços de telecomunicações continuem operando mesmo com a
grande mudança no perfil de uso.
Até agora, apenas Claro e a Oi aderiram à iniciativa
para aumentar a banda larga; já as outras grandes e algumas médias operadoras,
se comprometeram a cumprir apenas as demais medidas.
Em Goiás, o governo do Estado está em busca de
soluções tecnológicas e inovadoras que possam ajudar no combate ao coronavírus.
Assim, disponibilizou um questionário que pode ser
acessado clicando aqui. A finalidade é mapear produtos e serviços de startups e
empresas que podem auxiliar no enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Empresas de tecnologia no mundo
As big techs (nome dado às grandes empresas de
tecnologia) entraram na luta contra o coronavírus desde cedo e tomaram uma
série de medidas que vão desde o fechamento de fábricas até a exclusão de
anúncios oportunistas em e-commerces.
Agora, tem outra abordagem sendo feita nos Estados
Unidos: monitorar a propagação do vírus pela circulação das pessoas!
O governo do país entrou em contato com o Facebook
(que negou ter participado da discussão) e a Google para que, usando
localização de GPS, conseguisse entender como o coronavírus andou pelas cidades
com as pessoas infectadas, ainda que assintomáticas.
Esse projeto de coleta de informações sobre a
localização dos smartphones e o uso anônimo tem essa finalidade de mapear a
propagação da doença e prever necessidades médicas urgentes.
Curiosamente, meses atrás, a luta era justamente para
que dados privados do usuário, incluindo sua localização, não fossem vazados,
como muitas empresas fizeram.
O próprio governo americano já passou por
escândalos, como quando foi descoberto em 2011 que a Agência
de Segurança Nacional coletava registros telefônicos sem permissão.
O tema é sensível, pois as grandes empresas de
tecnologia estão no centro do debate sobre privacidade, porém, por conta do
novo coronavírus, parece que o jogo virou.
No começo do surto, era possível determinar a origem
da contaminação pelo relato das próprias pessoas. Ou elas voltaram de regiões
como China e Itália, ou tiveram contato com quem fez essas viagens.
Atualmente, a transmissão é comunitária, ou seja, é
quase impossível de determinar a origem, ficando mais difícil conter a
pandemia.
Na teoria, ao usar o GPS e monitorar os passos das
pessoas, seria possível entender por quais lugares o vírus mais passou,
permitindo a criação de medidas para isolar determinadas áreas, por exemplo.
Você se sentiria bem se o governo soubesse todo o
seu trajeto da última semana?
A grande questão é se isso não iria de encontro à
privacidade dos cidadãos.
Outra limitação seria a respeito da precisão dos
geolocalizadores, que costuma variar de 7 a 13 metros.
Como o contágio necessita de um contato muito mais
próximo, talvez algo nesse sentido acabasse se tornando apenas uma maneira de
vigiar todo mundo.
E o recurso seria desligado após o controle da
pandemia?
Essa abordagem não é nova: em 2011, o app FluPhone foi
testado no Reino Unido para monitorar a gripe. Ele utilizava Bluetooth e
conexões proxy sem fio para enviar dados sobre sintomas informados pelos
próprios usuários.
Assim, caso você fosse almoçar com alguém e essa
pessoa tivesse relatado sintomas, o aplicativo mandaria uma notificação para
deixá-lo em alerta.
O projeto foi desenvolvido por dois cientistas da
Universidade de Cambridge, mas menos de 1% da população da cidade aderiu à
ideia. Isso não impede que agora, quase 1 década depois, especialistas
acreditem na eficácia da geolocalização no combate ao novo vírus.
China e Coreia do Sul estão conseguindo diminuir o
ritmo de contágio com táticas semelhantes, enquanto o governo de Israel aprovou
o monitoramento de infectados por GPS ou de suspeitos com a doença – medida
polêmica, que foi inclusive chamada de espionagem de emergência.
Iniciativas assim já foram tomadas. O MIT Media Lab
está desenvolvendo um app para que as pessoas registrem suas movimentações
voluntariamente e possam comparar com as de pacientes já confirmados com a
doença.
Assim, o usuário poderia ser notificado caso estivesse
em uma área com suspeitas de contágio — algo que o próprio FluPhone prometia
anos atrás.
O projeto tem sido tocado em conjunto com a
Organização Mundial da Saúde, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças e o
Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.
Big Techs no combate às fake news
Em outro um movimento bem inusitado, as big techs
estão se juntando para coibir as fake news durante a pandemia.
Sem dar detalhes, Facebook, Microsoft, Apple,
LinkedIn, YouTube, Twitter e Reddit disseram que estão trabalhando com o
governo americano para melhorar suas ferramentas contra a desinformação.
O YouTube (que é da Google) avisou que o número de
vídeos removidos pode aumentar durante esse período.
O motivo é que, com mais funcionários em casa, a
inteligência artificial (IA) que irá fazer a maioria da moderação de conteúdo,
eliminando a etapa de revisão humana.
A ação vem depois de a Casa Branca se reunir com as
empresas para pedir ajuda contra o coronavírus — que inclui as medidas
comentadas acima sobre rastreamento da população.
Nesse sentido, a OMS já havia declarado que as fake
news são tão perigosas quanto o próprio vírus. O Reddit, por exemplo, está
colocando em “quarentena online” os usuários que publicam informações falsas.
Mas, na Europa, cerca de 70 mil sites com desinformação
ganharam US$ 75 milhões com anúncios no ano, em sua maioria pelo Google,
segundo a agência The Global Disinformation Index. Um dos anúncios
identificados alegava que os EUA culpavam o governo russo pela pandemia.
Uma seção do G1 sobre o que é verdadeiro ou fake sobre
o coronavírus.
Outras medidas das empresas de tecnologia em meio
à crise pelo coronavírus.
Empresas com serviços de videoconferência, como Zoom,
Google, Microsoft e Cisco, expandiram suas ofertas gratuitas para ajudar
empresas e escolas.
Entretanto, o Microsoft Teams, plataforma de
comunicação para trabalho remoto, ficou algumas horas fora do ar com a alta
demanda. Por falar na Microsoft, a empresa lançou uma plataforma de
monitoramento em tempo real do coronavírus.
O Facebook anunciou a doação de USD 100 milhões em
dinheiro e crédito de anúncios para até 30 mil pequenas empresas, em mais de 30
países, para ajudar a lidar com o impacto econômico em meio ao surto de
coronavírus.
A Amazon e sua rede de parceiros abriram 100 mil novas
vagas de emprego nos Estados Unidos e no Canadá para dar conta de entregar o
volume gigante de pacotes da plataforma.
A ByteDance, dona do TikTok, anunciou uma nova
ferramenta na China focada em trabalho remoto, que cresceu com a disseminação.
Por fim, a telemedicina se tornou realidade em
diversos países.
Ponto de vista
Há uma tendência irresistível em procurarmos padrões
no caos. É duro reconhecer, mas é a mais absoluta verdade.
Alguns países vêm tentando achatar a curva de
contaminação do COVID-19 por meio do uso de técnicas de vigilância e
monitoramento que ajudam a prever possíveis infectados.
Os métodos incluem: verificação de dados de
instalações médicas; uso de sistema de posicionamento global (GPS), consulta a
registros de transações, uso e cruzamento de dados de sistemas de vídeo.
Não se pode negar que crises justificam medidas
excepcionais!
Por um lado, essas ferramentas têm sido eficazes no
combate ao vírus, fornecendo informações mais precisas às autoridades de saúde
e reduzindo lacunas naturais às investigações epidemiológicas.
Noutro caminho, mesmo quando não diretamente
aplicáveis as leis de dados, é absolutamente fundamental a definição de regimes
de transparência acerca dos procedimentos adotados pelas autoridades públicas.
Especialmente, quando se refere à finalidade,
adequação, necessidade, segurança, não discriminação, responsabilização e
prestação de contas do poder público.
Portanto, a utilização de técnicas de vigilância e
monitoramento em larga escala pode (potencialmente) conduzir às violações
sistemáticas de direitos.
São louváveis as medidas tomadas pelas empresas,
aumentando a disponibilidade dos seus serviços, mesmo que de forma gratuita.
Contudo, em cenários de pandemia e imposição de
restrições administrativas ao público, é fundamental estarmos vigilantes para
que as medidas extraordinárias assim se mantenham e não extrapolem esse período
de crise.
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